segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Existe alguém a minha espera.


Foi um tempo vário de horas insanas
Quando só carnalmente sentia os dias
Que volvia metricamente as amplitudes
As frivolidades dos efêmeros desejos.

Agarrado na total libertação do moral
E na verossímil impecável da incerteza
Em frágeis ilusões ofertadas pelo mundo
Mensageiras cruéis de notícias amargas.

E no processo humano cego dos impulsos
Que antecedia os remorsos premeditados
Como alguém que encomendava a morte
De tantos estranhos inquilinos da alma.

E eu que, era o sábio de complexas nulidades
Desprezando as pretensões e o futuro
Até que descobri que meu coração é infinito.
Amor repouse as suas mãos em meu peito.

(André Bianc)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Londres, 17:00 horas.

Sem nenhum propósito, bato nas portas,
das intelecções tradutórias do pensar,
na hipótese cerebral do meu silêncio,
persuasivo refém do vão proselitismo.

Obsoleto provocador da não-expressão,
inibidor dos indolores caóticos versos,
está o teorema do racionalismo bruto,
extraído do conhecimento débil-relativo.

E o fascínio que exerce nossas ignorâncias,
na busca invisível da facínora estrutura,
que oprime a pueril e pré-natal postulação,
no tangível eixo inexato dos conceitos.

Ao fim, apenas o cadáver do exercício,
subjugado a severa servidão vocabular
e sentinela ausente dos sentidos.
Irei à biblioteca para tomar um chá.

André Bianc

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Catharina , eu não sei.

Prefigurada do nexo imperfeito
e alheia aos acidentes do insucesso,
está a intenção, ação intempestiva,
que compõe o corpo-alma do verso.

Mutilações dos sentidos figurados,
a sucessiva progressão da não-palavra,
fotografias opacas de muitos dialetos,
mudos da indisciplinada e vaga razão.

E entre a estética e estilo severo,
dos rudes exércitos dos pensadores,
está a poesia que apenas observa,
a limitação ilimitada dos homens.

André Bianc

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O amargo de querer nada

Que vão para o bendito inferno atemporal,
Os noivos falecidos de mundos desiguais,
que na hora imprópria, senão abstrair-se,
nas poeiras mórbidas de festas tantas.

Nada falo, calo-me em débeis pensamentos,
uma garrafada nas cabeças ocas e opacas,
ou uma facada nos egos de ocorrências banais,
até causar a libido nos extraterrestres.

Então, faltou-lhe o vomito da viagem?
Ou o aroma fresco das flores dos velórios?
Nada escrito na lapide, eles são analfabetos,
sendo assim, não morrerei, preciso de luz.

E sentindo as náuseas do mundo infame,
Não rimarei com enxame de marimbondos,
pois na vida não a rimas, só o instante.
Transbordei o meu copo de angústias.


André Bianc

O Ruído patético

Até aqui, um fiasco de viagem,
uma perda de tempo impar,
tudo de hoje, regurgitado amanhã
e o mau hálito do sol permanece.

Descolado do poema vaga pela rua anônima,
o grande intelectual, “O catador de Latas”,
roupas sujas, pulgas e baratas, é de grife!
num universo de autopromoções.

E trancados aqui, patéticos caçadores,
a busca de luz, com suas falidas falácias,
ah! O ego inflado de flatulências raras.
Pior, eu me incluo nisso. Sou nada.

André Bianc